segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Conselhos de Oswaldo Duncan Sensei


O presente artigo que agora compartilho é uma orientação do meu sensei, Oswaldo Duncan, o qual sempre enfatizou acerca do aprimoramento do Karate. Aqui você terá a oportunidade de avaliar e confrontar a si mesmo sobre o seu estudo em Karate. Seja sincero consigo mesmo e perceba que a hora da verdade é chegada. Treine com seriedade e descubra o quanto o Karate pode nos auxiliar em todas as áreas de nossa vida.

1.º Deve-se ter o adversário sempre presente ao espírito, em momento algum tirar-lhe da vista ou mostrar-lhe os dentes ou sorrir.

O espírito deve dirigir o corpo e o instinto.

A força física e mental que está em nós, é mal coordenada pela dissipação do espírito.

Os exercícios penosos permitem melhorar a concentração e encontrar a verdade sobre si mesmo.

Em todo ataque há um problema de reação, a força volta àquele que a envia e se perde se sua posição for defeituosa.

A concentração mental permite aumentar a força aparente e a eficácia.

A unidade de ação prevalece sobre a vitalidade própria da ação.

Deve-se atacar um adversário profundamente para que se tenha a máxima eficiência.

Em momento algum se pode perder o equilíbrio, pois o adversário não o perderá em um combate real.

10º Em cada ataque, deve-se ter a sensação de nossos pontos fracos para nos defendermos e dos pontos fracos do adversário para atacá-los.

11º Deve-se reencontrar a pureza da criança e juntar-lhe a força e a vitalidade do homem.

12º Aperfeiçoe seus bloqueios, suas posturas e seus ataques. A maior parte dos Mestres treinam ainda Karate do iniciante, simplesmente mais rápido e mais possante, ou seja, com
kime.

13º Todas as bases que não sejam:" Zenkutsu", "Kokutsu" e "Kiba-dachi" são variantes, portanto, deve-se treinar ao máximo o equilíbrio nestas três bases.

14º O corpo atravessa período de fraqueza e de força aliados à respiração.

15º Em treinamento a sua força deve atravessar o adversário ( imaginário ), não bater sobre ele.

16º Nunca ponha força nas espáduas, mas abaixo delas.

17º Em qualquer defesa, pense na rotação do punho, com pequena força poderá desviar a direção de um ataque.

18º deve-se sempre estar pronto a atacar e bloquear em todas as direções.

19º Em combate, a respiração deve ser invisível para o adversário.

20º O Karate só pode ser compreendido pelo trabalho interior ( resultados ).

21º É necessário que aqueles que o veem lutar ou ministrar aulas não tenham somente prazer em vê-lo, mas respeito pelos seus esforços e intenções.

22º Não se deve jamais parar a respiração durante um "Kumite", nem antes do ataque ou bloqueio, nem depois.

23º O kiai, elemento da respiração, não é senão uma consequência da união da força física, moral e psíquica em seu momento culminante.

24º Numa ação eficaz é sempre aparentemente simples, sem força especial.

25º Bloqueia-se com a mente, acessoriamente com o braço.

26º O Kime é a penetração da onda "Ki" ( no ponto vital do corpo ), no momento do ataque ou do bloqueio. Sem "Ki" sem "Kime" não há o verdadeiro Karate.

27º Os quatro elementos principais de um bom praticante são: vitalidade, força de vontade, segurança e principalmente humildade.

28º Não é bom pensar sem cessar no Karate,
é melhor treinar sempre com dedicação e desenvolver as suas atividades normais, pois isto também é Karate.

29º O espírito do Karate, deve transcender o dojo e acompanhar o praticante na sua vida cotidiana.


domingo, 8 de agosto de 2010

Karate-Do e a Legítima Defesa pessoal


Honorável estudante, pesquisador e praticante de Karate-Do, gostaria de compartilhar esse modesto artigo com todos que seguem o caminho das mãos vazias. Porque é necessário dizer que escrevo para lembrar de nosso dever e responsabilidade como artista marcial e também de nosso direito à legítima defesa pessoal de nossa integridade física. Sabe-se que sempre foi dito que não devemos infligir agressão física a quem quer que seja, pois estariamos indo contra o que aprendemos com o Karate-Do. Eu e você aprendemos que o verdadeiro e real Karate-Do é uma arte marcial nobre de elevação moral e espiritual, com o intuito de aperfeiçoar o nosso caráter. Porque em Karate aprendemos a educar o nosso instinto agressivo para ser alguém com o temperamento dócil e sereno. Se não temos esses valores como meta de nada será útil para você mesmo e para a segurança da sociedade você praticar Karate. Então por que razão não transformar a si mesmo num ser humano melhor, ofereçendo ao mundo em que vivemos o nosso melhor como pessoa? Certamente, quando assim o fizermos teremos a certeza de que o mundo estará ao nosso lado. Saiba que "aquele que agride uma pessoa, se maior de idade e capaz de entender as consequências de seus atos, pode basicamente estar cometendo os seguintes delítos: lesões corporais, homicídio tentado ou consumado, participação em rixa ou injúria real. Um verdadeiro e real praticante de arte marcial tem o dever, mais que qualquer outra pessoa, de ter plena consciência dos seus atos envolvendo o uso de suas técnicas. Entretanto, o ordenamento jurídico não traz em seu cerne somente a proibição, mas também permite certas condutas. Quando nos deparamos com uma proibição, devemos imediatamente analisar se não há uma norma que não exclui a ilicitude no caso expecífico. Saiba que há situações limítrofes em que a ilicitude de fato é excluida por expressa determinação legal, descaracterizando a prática criminosa, sendo uma delas a legítima defesa. O Código Penal Brasileiro entende estar em legítima defesa aquele que, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem ( artigo 25). A legítima defesa, para que se configure, deve atender a alguns requisitos, a atualidade, ou iminência, a necessidade e a moderação. Os dois primeiros se referem à agressão e os dois últimos à repulsa ou ao impedimento da agressão.

Atualidade : a agressão a ser repelida está em desenvolvimento ( não pode ser passada ou futura)

Iminência : a agressão está em vias de ocorrer.

Necessidade : a ação de defesa deve ser racional, os meios utilizados para impedir ou repelir a agressão devem ser adequados conforme as circunstâncias concretas, ou seja, o agente deve escolher os meios menos danosos que puder e que ao mesmo tempo lhe garantam a defesa.

Moderação : o agente deve aplicar a intensidade razoável no uso dos meios de defesa.

O artista marcial que se defende de uma agressão deve levar em conta sobretudo os dois últimos requisítos acima mencionados. Obviamente não corresponde à necessidade aquele que fere mortalmente pessoa mais fraca, que seria incapaz de causar grandes ofensas à integridade física. Tampouco obedece à ideia da moderação aquele que, protegendo-se de um agressor, nele bate impiedosamente após tê-lo dominado. Entende-se que é possível para qualquer artista marcial, independente da modalidade que pratica, obedecer aos elementos que caracterizam a legítima defesa. Devemos sempre lembrar, contudo, que muitas vezes impedir ou repelir uma agressão sem machucar uma pessoa depende de muito mais treino do que é preciso para ferir alguém. Todo e qualquer sensei, em geral, têm, o dever e a responsabilidade de insistir sempre com seus discípulos que atos de violência não podem partir deles. Porque o senso de responsabilidade é mais importante que a capacidade de lesionar uma pessoa. Qualquer um que deseja aprender artes marciais deve evitar falsos mestres que dizem o contrário ( e que, portanto, estão incentivando a prática de atos ilegais ), como também qualquer sensei ou mestre, devem ter o bom senso de se recusar a ensinar ou passar técnicas para aqueles que, após toda tolerância e oportunidade desejáveis, continuam a querer utilizar os seus conhecimentos com intuitos violentos. Reishin Kawai, mestre de Aikido, em seus ensinamentos sempre enfatiza a importância das questões aqui expostas no presente artigo. Kawai Sensei, ainda sem um profundo conhecimento jurídico da questão, possui o conhecimento filosófico e a intuição que todo verdadeiro mestre tem de que a vida humana é sagrada e a integridade física deve ser preservada a todo custo ( tanto do agressor quanto da vítima ). A harmonia deve ser exercitada e é na prática correta dos kata e do Budo que se entende que o caminho para a paz não é o conflito, pois a essência do Budo é parar o conflito. Portanto, a capacidade de defesa de um verdadeiro artista marcial deve ser exercida somente em situações limítes que comprometam a integridade física ou a vida e, quando a solução por outros meios se tornar inviável, sempre atendendo à necessidade e à moderação da resposta.

Fonte : Aikido Técnica e filosofia de Ernesto Cohn