terça-feira, 27 de outubro de 2009

As origens do Karate


O que se pode dizer do Karate quanto à sua origem é que a sua história tem sido única, divergindo muito pouco de estilo para estilo ou de escola para escola. Como dizia o mestre Masatoshi Nakayama, o Karate foi confundido com o chamado boxe de estilo chinês e sua relação com o Te de Okinawa, que lhe deu origem, não foi devidamente entendida. O Karate é uma arte marcial oriunda do Okinawa-Te da ilha de Okinawa, que por sua vez sucedeu o Shorin Ji Kenpo, do mosteiro Shaolin da China e tem como raiz o Vajramushti da Índia, portanto, seu nascimento genealógico ocorrido há mais de 2000 anos. No que se refere particulamente ao Karate-Do, a sua origem foi na Ilha de Okinawa. Afirma-se conforme dados históricos que as primeiras exibições das técnicas do Okinawa-Te, são atribuidas ao grande mestre Sokon Matsumura. No entanto, já existiam na região outros mestres que por lapso ou esquecimento de alguns autores, a história não cita: Peichin Takahara, Chatan Yara, Ku-Shan-Ku, de origem chinesa. Com certeza tais mestres também contribuíram e tiveram um papel muito importante. Após alguns anos, contribuíram também para sua codificação, divulgação e expansão os mestres: Kanryu Higaonna "Higashionna" (1845-1916), Itosu Yasatsune "Anku" (1832-1916), Chojun Miyagi (1885-1953), Choku Motobu (1871-1944), Agena (1870-1924), Kyan Chotoku (1870-1945), Kanbu Uechi (1877-1948), Kenua Mabuni (1887-1957), Hokan Soken (1889-1973) e o próprio Gichin Funakoshi (1869-1957). Quando da aparição do Okinawa-Te no Japão, levado por uma equipe de mestres de Okinawa, liderados pelo grande mestre Gichin Funakoshi, essa modalidade foi aceita com muito entusiasmo pelo povo japonês, haja vista que os japoneses já conheciam outras modalidades de lutas, sendo, portanto grandes guerreiros, destacando-se a classe dos samurai. Já no Japão, grandes mestres se destacaram posteriormente com seus importantes trabalhos, como: Gogen Yamaguchi, Hironori Otsuka, Masutatsu Oyama, Tomoyori Takamasa, Teruo Hayashi e mais recentemente, Yoshinau Nanbu, que criaram e nominaram os seus grandiosos estilos de Karate-Do, entre eles: Goju-ryu, Wado-ryu, Shotokan-ryu, Shito-ryu, Kenyu-ryu, Sanku-ryu, Shorin-ryu, Shorei-ryu, Kyokushikaikan-ryu, Uechi-ryu e Ishin-ryu e etc. A palavra Karate, surgiu por imposição do povo japonês, pois esse povo vivia sempre em rixas constantes com a China, e não admitia nada que fosse representativo da cultura chinesa. Como sabemos o kanji que antes significava mãos chinesas passa a ser conhecido por outro kanji semelhante com o significado de mãos vazias. Kara: vazio ( da filosofia Zen-Budista: esvaziar a mente, manter corpo e mente unidos à natureza, etc) e Te: mão. O Tode foi apresentado pela primeira vez publicamente, fora de Okinawa, em maio de 1922, na primeira exibição de artes marciais japonesas, realizada em Tóquio sob o patrocínio do Ministério da Educação. O Homem convidado para dar essa memorável demonstração foi o Mestre Gichin Funakoshi, que na ocasião era presidente da Okinawa Shobu Kai ( Sociedade para as promoções das Artes Marcias ). Tode (Também chamado simplesmente Te, que significa mão ) era uma arte de defesa pessoal que há séculos estava sendo desenvolvida em Okinawa. Por causa do comércio e de outras relações entre Okinawa e a Disnatia Ming da China, é provavel que ele tenha sido influenciado por técnicas chinesas de luta, mas não há registros escritos fornecendo uma ideia clara do desenvolvimento do Tode. De acordo com versões lendárias, Okinawa foi unificada sob o reinado do rei Shohashi de Chuzan em 1429 e posteriormente, durante o reinado do rei Shoshin, foi publicado um decreto proibindo a prática das artes marciais. Sabe-se que uma ordem proibindo armas foi promulgada pelo clã Satsuma de Kagoshima, depois de ele ter adquirido o controle de Okinawa em 1609. O Tode tornou-se então um recurso último de autodefesa, mas como o clã Satsuma também reprimia severamente essa prática, ela só podia ser praticada em absoluto sigilo. Para os habitantes de Okinawa, não havia alternativas e eles a converteram numa arte mortal como a conhecemos hoje. Nem sempre a família do karateka vinha a saber que ele praticava essa arte, situação que persistiu até 1905, quando a escola normal de Shuri e a Primeira Escola de Nível Médio Municipal adotou o Karate como disciplina oficial em educação física. Entretanto, a sua força devastadora deve ter sido conhecida até certo ponto, uma vez que se referiam a ele em termos tais como Reimyo Tode, que significa Karate miraculoso, e Shinpi Tode, significando Karate misterioso. Que o próprio sigílo tenha influenciado muito o caráter da arte não pode ser desconsiderado. O Tode passou a ser conhecido como Karate-Jutsu e depois a partir de aproximadamente 1929, Gichin Funakoshi deu o passo revolucionário em defesa veemente de que o nome fosse mudado para Karate-Do. Assim, o Karate foi transformado, tanto na forma quanto no conteúdo, de técnicas de origem Okinawana em uma nova arte marcial japonesa. Durante a década de 20 e início da década de 30 a arte de defesa pessoal tinha-se tornado cada vez mais popular entre pessoas de todas a classes sociais. Os estudantes, obviamente, tinham sido os mais entusiastas, mas havia também advogados, artistas, homens de negócios, judocas, kendocas e muitos outros. Essa foi a época do alvorecer do Karate moderno, e foram fundados sucessivos clubes na universidade de Keio, na universidade Imperial de Tóquio, de Shoka, de Takushoku, de Waseda, na Faculdade de Medicina de Nihon e em outras escolas na região de Tóquio. Em 1930, com a chegada de Mabuni e Miyagi, professores de Okinawa, fundaram-se clubes nas universidades de Ritsumeikan e Kansai, na região de Osaka. A popularidade entre as tendências intelectuais foi muito favorável ao Karate, porque ajudou na transformação do Karate miraculoso e misterioso numa arte marcial moderna e científica. O nome não foi mudado facilmente. Semana após semana, apareciam artigos nos jornais, escritos por especialistas de Okinawa em artes marciais, querendo saber o porque da mudança. Em seu estilo eloquente, Funakoshi respondia, defendendo a sua posição. Isso continuou por algum tempo. Com a publicação de Karate-Do Kyohan ( do Mestre Funakoshi ) em 1935, o Karate-Do, por assim dizer, tornou-se oficial. Dois anos depois, várias sociedades de Karate de Okinawa filiaram-se à Associação Japonesa de Artes Marciais e uma filial da associação foi fundada em Okinawa. Masatoshi Nakayama comenta que depois de ter visitado Funakoshi durante o período em que a controvérsia se acalorou e de ter lido os argumentos a favor e contra, havia ficado impressionado com o grande entusiasmo e a antevisão desse mestre que estava tentando divulgar uma arte local por todo o país. A mudança de nome não era a sua única preocupação. Muitos termos tinham pronúncia chinesa ou okinawana apenas. Ele mudou-os também, possibilitando que os adeptos entendessem mais facilmente. O treinamento de métodos foi outra questão à qual ele dispensou sua desvelada atenção. Enquanto antes existia somente o kata, ele dividiu a prática em três tipos: fundamentos, kata e kumite. Os jovens estudantes se reuniam em volta de Funakoshi e se dedicavam à pratica do kumite com grande entusiasmo. O kumite evoluiu do kumite preordenado para o jiyu ippon kumite prático e, finalmente, para jiyu kumite, onde, por assim dizer, nem o agarramento é proibido. O kata tinha se tornado extremamente aprimorado em Okinawa. Agora, a pesquisa do Kumite tinha se desenvolvido consideravelmente, e podemos dizer que um novo aspecto do Karate havia surgido. Podemos ir além e afirmar que o Karate atualmente alcançou o ponto mais alto da perfeição. A primeira idade de Ouro do Karate, como tem sido chamada, ocorreu por volta de 1940, quando quase todas as importantes universidades do Japão tinham seus clubes de Karate. Nos primeiros anos pós-guerra, ele sofreu um declínio, mas até hoje, graças ao entusiasmo dos que defendiam o Karate-Do, ele é praticado mais amplamente do que nunca, difundindo-se para muitos outros países no mundo inteiro, criando uma segunda Idade de Ouro. Após a guerra, eram frequentes as solicitações das Forças Aliadas estacionadas no Japão para assistir a exibições das artes marciais. Peritos em Judo, Kendo e Karate-Do formaram grupos que visitavam as bases militares duas ou três vezes por semana com a finalidade de demonstrar suas respectivas artes. Na época os membros das forças armadas nutriam um grande interesse pelo Karate-Do, cuja arte estavam vendo pela primeira vez em suas vidas. Em 1952, o Comando Aéreo Estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos enviou um grupo de jovens oficiais e de oficiais subalternos ao Japão para estudar Judo, Aikido e Karate-do. O objetivo era treinar instrutores de educação física e durante os três meses em que estiveram no Japão, eles seguiram um programa rígido, estudando e praticando intensivamente. Masatoshi Nakayama, como lider dos homens que ensinavam Karate, considerou isso um grande passo adiante para o Karate-Do. Por mais de uma dezena de anos depois, dois ou três grupos continuaram indo ao Japão todos os anos. Esse programa de treinamento foi altamente considerado e começaram a vir grupos de outros países, além dos Estados Unidos. Vários países também solicitaram que fossem enviados instrutores de Karate para que se pudesse treinar um maior número de instrutores. Essa, sem dúvida, foi uma influência que ajudou a tornar popular o Karate em todo o mundo. O Karate é como sempre foi, uma arte de defesa pessoal e uma forma saudável de exercícios físicos; mas, com o aumento da sua popularidade, cresceu o interesse pela realização de disputas, como aconteceu com o Kendo e o Judo. Na sua maioria, devido aos esforços dos entusiastas mais jovens, o Primeiro Campeonato de Karate-Do de todo o Japão foi realizado em outubro de 1957. Ele foi promovido pela associação Japonesa de Karate e no mês seguinte, a Federação dos Estudantes de Karate de todo o Japão promoveu um campeonato diante de uma audiência de milhares de pessoas. Além de serem estes eventos memoráveis, esses dois campeonatos despertaram um interesse maior ainda pela arte em todo o país. Na época eles eram realizados anualmente numa escala cada vez maior. E num grande número de países, competições semelhantes estavam sendo realizadas. No topo de todos eles estava o Campeonato Mundial de Karate-Do. As competições e a disseminação do Karate no exterior são os progressos mais significativos dos anos posteriores à guerra.

Fonte: O melhor do Karate de Masatoshi Nakayama vol. 1 e Budo no Jiten, dicionário Técnico de Artes Marciais Japonesa de José Grácio Gomes Soares.




segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A coluna vertebral




Segundo a Organização Mundial de Saúde, 85% da população mundial enfrenta ou vai enfrentar o problema.


Alguma vez você já sentiu dor na coluna? Saiba que dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) informam que 85% da população mundial enfrenta ou vai enfrentar este mal durante a vida. Essa dor inconveniente pode ter a sua origem a partir de vários hábitos, como a postura incorreta ao andar curvado, ficar horas em frente ao computador e deitar ou sentar de forma errada. Me lembro quando menino, tinha uma má postura. Graças à minha professora no fundamental na escola pude corrigi-la. Acabei me policiando no dia-a-dia, de modo que desenvolvi uma consciência corporal, porque com esforço sincero aceitei a mudança. Aconselho que pais, educadores e nós que ministramos Karate no dojo, devemos estar atentos a esse detalhe com nossos filhos e alunos. Sempre incentivando que cuidem de sua postura ao andar, sentar ou deitar quando dormimos. Também outros motivos que podem levar às dores de coluna, levantar pesos excessivos, sedentarismo, obesidade, traumas, distúrbios hereditários e etc. Além de desempenhar diversas funções no organismo, como propiciar maior extensão de movimento, a coluna favorece o equilíbrio para a locomoção. De acordo com os especialistas, não há idade específica para a dor aparecer, pois é importante ficar alerta e tomar os cuidados necessários. Segundo Jason Gilbert, o "quiropraxista",a coluna é como uma máquina, que precisa estar em perfeito funcionamento. Com o passar do tempo e por conta de quedas e erros posturais, a coluna perde movimentos e doenças crônico degenerativas aparecem".Consequentemente com uma má postura ,adquiri-se escoliose, hiperlodose e cifose, como também hérnia discal. Outros problemas também é a lombalgia ( dor nas costas); dor na coluna cervical (pescoço); dor de cabeça ou cefaleia; dores nas articulações; tendinite do ombro e cotovelo e tensão muscular. "Muitas vezes as dores de cabeça não tem ligação neurológica. O problema está na coluna", afirma Jason Gilbert. Nunca negligencie a dor na coluna, caso haja alguma dor procure o profissional adequado para se fazer o exame. O que pode parecer uma dor inofensiva, se não for devidamente tratada, poderá agravar-se com o passar do tempo. Se você pratica Karate ou outra arte marcial, entenda o quanto é importante cuidar de nossa coluna, busque adquirir e desenvolver consciência corporal, ou seja, perceba se você está sem postura. Começe a observar a sua postura ao andar, sentar, deitar e logo logo você terá bons resultados.

Faça o teste

Como está a sua coluna?
1 - ombros e orelhas
Em frente a um espelho, fique com o corpo ereto, e de perfil, verifique se a ponta da orelha está alinhada com o ombro. Se ela estiver para a frente ou para trás da linha do ombro, existe algum problema provocado pela má postura.

2 - barra da calça
Verifique a barra da calça. Dobre-a dos dois lados. Se tiver que dobrar um lado mais que o outro, pode haver um desnível, também provocado pela postura errada da coluna.

3 - glúteos
Veja se um glúteo está mais saliente que o outro. Se o corpo estiver desnivelado, a parte do glúteo que está sendo" forçada" acaba ficando maior que a outra, indicando desvio na coluna.

4 - sola gasta
Observe se o solado de seu sapato está gasto igualmente nos dois pés. Quando a coluna está fora do lugar, há desgaste maior em um dos solados.

5 - quadris
Fique de pé e, com a coluna ereta, verifique se os seus quadris estão na mesma altura. Quando existe algum problema na coluna, geralmente um lado do quadril fica mais alto que o outro.

6 - mobilidade
Verifique sua mobilidade. Tente agachar e levantar. Se notar dificuldades de mobilidade e falta de equilíbrio, isso indica problemas na coluna.

7 - pescoço
Vire o pescoço para a direita e para esquerda, e observe se há dificuldade na hora de realizar os movimentos. Problemas na coluna podem limitar os movimentos do pescoço.

8 - resultado
Se você se identificou com algumas situações acima, procure um médico o mais rápido possível para que ele possa fazer o diagnóstico e indicar o tratamento ideal.

Fonte de faça o teste em como vai a sua coluna: Jason Gilbert. Jornal O Dia.




sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mestre Gichin Funakoshi



Com certeza, mestre Gichin Funakoshi, foi um homem bem aventurado por ter sido o responsável ao levar o Karate de Okinawa ao Japão. Como se costuma dizer, Gichin Funakoshi estava no lugar e na hora certa, para dar impulso ao Karate de Okinawa, o qual teria uma projeção que não conheceria fronteiras. Ele foi o precusor para a chegada de outros mestres de Okinawa, como exemplo outro admirável mestre da escola Goju-Ryu, Chojun Miyagi. Mestre Funakoshi nasceu em Shuri, capital real de Okinawa, provavelmente em novembro de 1868. O ano oficialmente registrado de seu nascimento é 1870, mas em sua autobiografia mestre Funakoshi alegou que foi feita uma auteração posterior para permitir que ele participasse de um exame aos nascidos no ano de 1870. Mas segundo se sabe, parece que Gichin Funakoshi usou as duas datas de maneira indiscriminada, isto é, ele na verdade não sabia em que ano nascera. Quanto à sua família, pertencia à classe shizoku, a pequena nobreza., o nome da família era originalmente lido como Tominakoshi. Seu avô foi um renomado intelectual confuncionista que chegou a tutor da família real. Foi-lhe concedida uma generosa pensão quando se aposentou, mas seu devasso filho Gisu, pai de Funakoshi, dissipou a fortuna da família através do jogo e da forte bebida awamori. Prematuro de sete meses e sem esperança de viver muito além da infância, Funakoshi foi entregue aos seus velhos avós para ser criado. Mas surpreendeu a todos ao se transformar num menino normal e saudável, embora um pouco fraco. Desde cedo o avô lhe ensinou os clássicos chineses e o menino acabou provando ser também um estudante dedicado e talentoso. O mestre Funakoshi como sabemos é chamado de "o pai do Karate moderno", pois figura como um representante e um modelo desse estilo de Budo do que seu verdadeiro criador. Na verdade a vida e a história do mestre Gichin Funakoshi se confundi com o surgimento do Karate. No Japão ele trabalhou movido por uma energia vigorosa afim de desenvolver a arte de sua terra natal em terras nipônicas e torná-la reconhecida pelos japoneses. Embora tivesse estatura mediana ( 1,67m e 65 kg), mestre Funakoshi soube se impor com determinação, eficiência, força mental e coragem ilimitada, cujas qualidades aliava naturalmente à sua benevolência e boas maneiras emolduradas por sua gentileza em relação a todos. No que se refere a Gichin Funakoshi, os seus contemporâneos afirmavam que ele era" mais que humano", ou seja, um tatsujin ( indivíduo fora do comum ). A sua primeira aparição em Tóquio, foi perto do fim de 1921, quando o ministério da educação anunciou que seria realizada uma demonstração de artes marciais japonesas antigas na primavera seguinte na Escola Normal Superior para mulheres. Nessa ocasião mestre Funakoshi soube como conquistar o público japonês, não demonstrando somente o kata, mas demonstrando os fundamentos técnicos com base científica pela ação e explicações claras e lógicas, numa linguagem conveniente ao Japão ancioso por modernidade.



sábado, 23 de maio de 2009

A essência do Dojo-Kun



Dojo-Kun
O verdadeiro praticante de Karate-Do possui consideração e compreensão a respeito do "Dojo-Kun". No caminho das mãos vazias é de suma importância capital observar e guardar tais princípios. Porque é o alicerce que norteia o estudante dedicado à pratica do Karate-Do. O Dojo-Kun é composto por cinco mandamentos do Karate, e foi consolidado pelo mestre Gichin Funakoshi. Toda instituição têm seus regulamentos e preceitos que a conduzem dentro de um princípio que é especificamente dela. Nas artes marciais também, pois, se trata de uma atividade milenar, traçando os seus ideais no "Zen Shoto-Shu". É de praxe que todos praticantes de Karate iniciem os treinamentos sob os princípios do Dojo-Kun. No entanto, alguns Dojo-Kun diferem nas palavras de seus mandamentos de escola para escola, mas a essência é a mesma. Portanto, é necessário torna-se praticante do Dojo-Kun e não somente recitar , ler e ouvir. Compreenda que o Dojo-Kun é um código de ética de uma escola ou estilo. São preceitos filosóficos que tem por objetivo conduzir o praticante que promete guardar os mandamentos.

Os mandamentos do Karate:

Esforçar-se para o aperfeiçoamento do caráter.
Hitotsu jinkaku kansei ni tsutomuru koto
No Karate não há nada mais contraproducente quanto pensar em valores puramente materiais , imorais e negligenciar o aperfeiçoamento do caráter. O verdadeiro karateka segui na contramão do sistema corruptível, ou seja, não aceita o caminho mais fácil. Nem burla as leis estabelecidas, pois procura ser honesto em todas instâncias. O Karate é uma arte marcial nobre de elevação moral e espiritual. Com a finalidade de orientar o homem para renunciar o egoismo e a mesquinhez e torná-lo num ser humano melhor.

Estimular o espírito de esforço.
Hitotsu doryoku no seishin o yashinau koto
Quando nos esforçamos com sinceridade, pode ter certeza que seremos recompensados. Não somente nos treinamentos do dojo, mas também no dia-a-dia. Porque se você injetar uma dose de ânimo e sacrifício verá que sua dedicação o conduzirá à elevação.

Respeitar acima de tudo.
Hitotsu reigi o omonzuru koto

Com certeza a etiqueta é uma das coisas que a cultura japonesa sempre pratica e observa. Pode parecer até exagerado, mas tem a sua importância capital. O mestre Gichin Funakoshi levou ao dojo estes preceitos com a finalidade de ensinar que o Karate começa e termina com rei. Rei costuma ser definido como "respeito", mas na verdade significa muito mais do que isso. Rei compreende tanto uma atitude de respeito pelos outros quanto um sentimento de auto - estima. Portanto, todo aquele que não possui respeito por si mesmo, de modo algum poderá ter respeito por mais ninguém. Costuma-se dizer que a diferença entre os homens e o animais está no rei (respeito). Esse mandamento tem uma relação bastante estreita com o primeiro princípio de um dos princípios fundamentais do Karate de Gichin Funakoshi.

Reprimir o espírito de agressão.
Hitotsu kekki no yu o imashimuru koto
Todos nós quando nascemos já trazemos uma certa dosagem de agressividade conosco. O homem é um ser de reações totalmente imprevisíveis, por qualquer razão pode entrar em conflito por causa de questões às vezes puramente banais. Quando alguém é pavio curto precisa ter consciência de seus atos e aprender a educar o seu instinto agressivo. Reprimindo toda e qualquer atitude hostil que houver em si, com a finalidade de trabalhar o seu temperamento. Quando o seu temperamento for trabalhado com esforço sincero, você poderá se tornar uma pessoa de temperamento dócil e sereno.

Fidelidade com o verdadeiro caminho da razão (defender o caminho da verdade)
Hitotsu makoto no michi wo mamoru koto
O verdadeiro karateka possui consciência do seu caminho que escolheu seguir. Um caminho estreito que observa o ético, justo, honesto e correto de uma tradição forte guardada pelos samurai. Todo bom karateka deve buscar com persistência esse ideal. Infelismente para alguns pode ser uma utópia se acharem que isso é puro romantismo. Se você acha que ser karateka não é ser romântico você está enganado. Porque o verdadeiro praticante de Karate-Do ama o Karate de coração e paixão e se esforça para proteger com amor a si mesmo e ao próximo. Amar a vida é divino e mandamento do Criador de todas as coisas, Deus Pai. Portanto, se alguém pensa que o Karate é só uma arte marcial com a finalidade para vencer o outro está equivocado. Porque decidir quem é o vencedor e quem é o vencido não é o objetivo principal do Karate-Do.

Quando você estiver lendo o Dojo-Kun pode ter observado que em cada linha começa com hitotsu (primeiro, um, uma unidade). Por que não 1,2,3,4 e 5? O mestre Gichin Funakoshi declarou que nenhum ítem no Dojo-Kun fosse mais importante que o outro; de modo que cada um seja observado como uma unidade. Por isso cada ítem numerado com hitotsu (primeiro).

Glossário das palavras usadas no Dojo-Kun:

Dojo _ lugar onde se pratica uma arte marcial, o lugar adequado para uma escola de arte marcial. No entanto, o dojo vai além das quatro paredes da escola, ou seja, qualquer lugar torna-se um dojo. Aqui é uma figura no sentido de praticar a arte marcial de modo livre e espontâneo, seja entre quatro paredes, no campo, nas montanhas, florestas, praias ou em qualquer lugar. Onde você estiver praticando a sua arte marcial acaba se tornando um dojo.

Kun _ mandamento; obrigação. Aqui você guarda e observa os mandamentos.

Hitotsu _ um; uma unidade

Jinkaku _ caráter; personalidade

Kansei _ formação; conclusão; término; acabamento

Tsutomuru _ esforçar-se; empenhar-se; tentar arduamente

Makoto _ verdade; sinceridade; honestidade

Michi _ caminho

Mamoru _ obedecer; respeitar; guardar; cumprir; defender

Doryoku _ esforço; empenho

Seishin _ espírito; alma; vontade; intenção; mentalidade

Yashinau _ alimentar; sustentar; manter; criar

Reigi _ etiqueta; cortesia; civilidade; boa educação; respeito

Omonzuru _ respeitar; ter muita consideração em; apreciar; estimar; venerar; honrar

Kekki _ impetuosidade; arrebatamento; violência

Yu _ vigor; coragem

Imashimuru _ repreender; proibir; reprimir; conter

Koto _ sufixo que transforma a expressão numa ordem

Preposições:

Ni _ para

No _ de; do; da

O _ indica objeto direto



quarta-feira, 13 de maio de 2009

A técnica olho de tigre

O olho de tigre é uma expressão empregada para indicar a visão periférica, ou a capacidade de ver tudo que está à sua volta; sem mover os olhos nem mexer a cabeça. Essa técnica é muito útil quando você estiver frente a frente com um ou mais oponentes. Quando desenvolvida aprimora a percepção e o desempenho. Se você conseguir captar tudo que está a sua volta, a possibilidade de ser surpreendido por um ou mais oponentes será praticamente nula. Quando você tiver desenvolvido a visão periférica, todos que estão à sua volta serão percebidos, sem que você tenha a necessidade de mover os olhos ou a cabeça. Mas para desenvolver o olho de tigre é necessário meditar numa postura que seja bastante confortável. Há diversas posições diferentes para meditação ( ou concentração num pensamento específico com vistas a um objetivo determinado). Todas as posições de meditação têm suas vantagens intrínsecas, porém algumas são muito difíceis, e por isso utilizaremos uma posição simples e eficaz chamada em ioga meio lótus. Sente-se no chão com as pernas cruzadas à frente do corpo. Coloque a perna direita primeiro, e cruze a esquerda sobre ela. Esforce-se para que os joelhos fiquem bem próximos do chão, com as costas, a coluna e o pescoço em linha reta. Talvez você sinta um certo desconforto nessa posição por ainda não ter a flexibilidade necessária. Afim de aumentar a flexibilidade necessária, pratique com seriedade os exercícios de alongamento para que você alcance um grau de flexibilidade ideal. No entanto, se a sua falta de flexibilidade for decorrência de você não está praticando os exercícios há bom tempo, você poderá usar outra posição. Como por exemplo, sentar numa cadeira de costas retas até adquirir a flexibilidade necessária para a posição de meio lótus. Agora vamos ao treinamento do olho de tigre, o qual você iniciará ao assumir a posição de meditação do meio lótus. Fixe os olhos num ponto qualquer em linha reta à sua frente. A princípio, você deve colocar as mãos acima da cabeça, com os dedos formando um triângulo ( as pontas dos dedos indicadores e polegares se unindo) e depois baixá-las lentamente à frente dos olhos. E por conseguinte focalize o seus olhos num ponto escolhido à frente, não afaste os olhos desse ponto. Em seguida , coloque as mãos sobre os joelhos, com as palmas para cima e o polegar e o indicador unidos. Agora você está pronto para praticar o olho de tigre. Você perceberá logo que estando os olhos voltados para um ponto em linha reta à sua frente, sem se focalizarem num objeto determinado, todo o campo de visão pode ser observado. Porém se você movimentar os olhos lateralmente com muita rapidez - ou a cabeça de um lado para o outro apressadamente - tudo ficará sem distinção e você não verá nada direito. Se você já usou uma câmera para fotografar imagens por exemplo, deve saber que às vezes é necessário ajustar o foco da lente, para que a imagem fique nítida, ou seja; obter uma imagem clara e limpa sob o foco da lente. Assim é o olho de tigre, quando você estiver em foco verá claramente e estará meditando, lembre-se mantenha a respiração lenta e profunda; inspire pelo nariz e expire pela boca. O olho de tigre também é muito útil quando estamos treinando kihon e kata, pois quando você assim praticar estará meditando em ação. Um soldado nas forças especiais, treinado com a função de caçador olha apenas para as árvores, e por isso é capaz de perceber o mais leve movimento sem se preocupar em olhar para um galho em especial. A técnica do soldado tem o mesmo princípio do olho de tigre, pois o tigre quando caça não é percebido pela presa. Imagine que o campo de visão seja um pequeno quadro. Você terá condições de ver o quadro inteiro perfeitamente, desde que não movimente a cabeça ou os olhos de um lado para o outro. Assim a visão será clara e o corpo pronto para reagir. Essa técnica pode ser muito bem empregada em zanshin ( estado de alerta constante), com a mente calma e serena nada esperando e a tudo reagindo. Com a prática você desenvolverá seu sexto sentido, aprimorando a sua percepção, e que por sua vez, numa luta frente a frente com o oponente, você será capaz de decidir tudo ao perceber o momento oportuno. Logo procure evitar olhar de canto de olho, porque é possível que você consiga perceber um ataque à sua pessoa, porém o corpo não estará numa posição de defesa. O melhor seria posicionar o corpo e olhar o atacante de frente. Você pode praticar o olho de tigre andando em vias públicas. Basta que você olhe firme para a frente e não movimente os olhos. Você verá todas as pessoas indo e vindo ao seu redor, você acompanhará o movimento à direita e à esquerda. Você se sentirá calmo (a) e ouvirá sons que não ouvia antes, você estará praticando a visão periférica, como também tranquilizando os seus nervos e acalmando a sua mente. Saiba que os tigres em seu hábitat, são experientes caçadores graças a sua visão periférica. Um tigre quando caça possui concentração extraordinária, focalizando a sua presa, esperando o momento oportuno. Tal como o tigre com sua visão periférica, assim também deve ser o karateka. Portanto, olhe, pense, sinta, haja e ruja como tigre; porque nós somos tigres. Seja forte e tenaz como o tigre, pois com o tempo os efeitos da prática cumulativa surgiram. Porque até os filhotes de tigres precisam aprender com seus pais técnicas para serem extraordinários caçadores.

Fonte: O fim das lesões de Theodore L. Gambordella e adaptado por sensei Rogério Santos com sua esperiência pessoal.



terça-feira, 21 de abril de 2009

Bibliografia

Aqui desejo esclarecer através deste artigo, o qual intitulei bibliografia, que todo presente conteúdo é fonte de estudo e pesquisa. Como também não sou plagiador dos direitos autorais de quem quer que seja, pois a todos os textos me refiro à fonte de origem . Na verdade o meu blog é fruto de minha experiência no Karate-Do e artes marciais como estudante, pesquisador e praticante, cuja finalidade é apresentar ao público leigo e a todos que estudam e praticam Karate uma forma de estudar, pesquisar e praticar o Karate. Com o intuito e a esperança de que todos como eu, tenham o desejo de aprender, guardar e vivenciar o verdareiro e real Karate. Quando me refiro ao verdadeiro e real Karate, quero dizer o quanto é necessário buscar informação daquilo que buscamos aprender, até porque o Karate não é exclusividade de um grupo, povo ou quem se ache possuidor do Karate-Do. O que estou querendo exclarecer é que você tem a liberdade de cultivar o Karate-Do como o seu modo de vida . Para que você iniciante ou ainda praticante adiantado não seja seduzido pela promoção oportuna de alguns que às vezes se dizem serem mestres. Porque é do conhecimento de todos nós que existem estilos de Karate, dos quais não direi o nome por questão ética, não possuem o devido status de reconhecimento. Como também criam até formas sem sentido e nexu algum, como kata por exemplo, e agregam inúmeros seguidores, que por sua vez , tais pessoas praticantes desses estilos acabam perdendo todo o tempo de sua vida com algo que não terá funcionalidade alguma. Ainda os advirto que não somente no Karate, mas também em outras artes marciais tem ocorrido o mesmo. Todos os artigos aqui redigidos tem sua fonte em parte escrita com a minha experiência, a qual recebi de todos os mestres que tive. Por conseguinte com meu estudo, pesquisa e prática consultei outros autores de renome mundial. Porque em arte marcial precisei crescer tanto física quanto emocional e espiritualmente. Somente deste modo você será um verdadeiro praticante de arte marcial. Todo budoka no oriente estuda e pesquisa artes marciais para seu aperfeiçoamento em todos os níveis no que se refere em técnica, mente e filosofia. Pois por essa razão existem inúmeras literaturas dirigidas às artes marciais, cujo objetivo é dar orientação tanto para o leigo quanto para o praticante adiantado. A arte marcial é como uma disciplina qualquer, a qual você pode estudar e quando somos bem orientados por bons mestres teremos bons resultados. O meu sensei Oswaldo Duncan por exemplo, na década de 80, foi um dos melhores autores que na época escreveu bons livros com o próposito de informar ao público leigo o real e verdadeiro Karate. Que por sinal fez muito sucesso pelo Brasil e América do Sul afora. E até hoje como livro de Karate a nível nacional conquistou a todos aqui no Brasil. Os livros de Oswaldo Duncan são: Karate sem Mestre para Principiantes, Karate sem Mestre Adiantado, Karate Kata, Karate como Defesa Pessoal e tantos outros livros. No entanto, é possível que alguns livros de Oswaldo Duncan estejam fora de catálogo. Aqui se segui uma bibliografia recomendada: Karate Dinâmico e o Melhor do Karate de Masatoshi Nakayama, vol. 1 ao 11; Aikido e a harmonia da naturaza de Mitsugi Saotome; Aikido Técnica e Filosofia de Ernesto Cohn; Enciclopédia dos Samurai de Stephen Turnbull; Segredos do Budo de John Stevens; A Arte da Guerra Por uma Estratégia Perfeita de Sun Tzu; Karate-Do o Meu Modo de Vida de Gichin Funakoshi; O Zen na Arte da Cerimônia do Chá de Horst Hammitzsch e Budo no Jitten - dicionário técnico de artes marciais japonesa de José Grácio Gomes Soares. Esses e tantos outros livros podem nos ajudar a aprender muito em diversos aspectos. No entanto, há coisas que você só aprenderá com a experiência no dia-a-dia quando estiver práticando no dojo. Saiba que muito do conhecimento em arte marcial no passado eram segredos para poucos escolhidos e somente para os seus descendentes, ou seja de pai para filho. Alguns mestres tinham anotações de suas habilidades e segredos técnicos que jamais compartilhariam com qualquer um. E graças a iniciativa de alguns mestres como Gichin Funakoshi, Masatoshi Nakayama e muitos outros é que todos nós tivemos acesso à informação de muitas coisas. Masatoshi Nakayama por exemplo, na série o melhor do Karate, volume 3 e 4 sobre kumite, ele nos brinda com segredos de estratégia e táticas que eram restritas somente às escolas de antigos mestres. Outrora jamais você teria a chance de receber esses conhecimentos. Portanto vamos aproveitar as oportunidades de nossos mestres em nos ensinar tudo que sabem e de tudo que a literatura marcial tem a nos oferecer. Como Karateka estudante da escola shotokan não estou limitado a estudar somente o meu estilo, mas também outros estilos de Karate e ainda outros sistemas de artes marciais, pois tudo isso enriquece o nosso saber.

Rogério Santos Sensei





sábado, 18 de abril de 2009

O Jiyu Kumite

O jiyu kumite é um método de treinamento no Karate em que aplicamos na prática todas as técnicas de defesa e ataque aprendidas e contidas no kata. Nessa forma de treinamento os oponentes se encontram frente a frente. Ainda que se enfatize a importância do treinamento e aperfeiçoamento do kata para o jiyu kumite não será o suficiente. O estudo dos fundamentos e prática do kata são o requisito principal para o aperfeiçoamento do jiyu kumite. Se ao praticarmos o kata as técnicas forem executadas sem naturalidade ou de maneira forçada, a postura será desajeitada. Consequentemente aplicando essas técnicas de maneira confusa, o jiyu kumite não será aperfeiçoado. Em outras palavras, o aperfeiçoamento do jiyu kumite depende diretamente do progresso em fundamentos e kata, pois kata e jiyu kumite estão interligados. Saiba que é um erro enfatizar um em detrimento do outro, pois em jiyu kumite você precisa ter sempre isso em mente. Se você não dá importância ao treino dos fundamentos de técnicas básicas juntamente com o kata, com certeza de nada adiantará você iniciar o jiyu kumite de maneira prematura. Porque você poderá encontrar alguém que treinou fundamento e kata com profunda seriedade. Certamente tal praticante estará muito mais preparado que você, dotado de técnicas mais apuradas, as quais foram adquiridas com treinamento dedicado. Com certeza um treinamento assim lhe dará suporte técnico se você adotar seriedade mortal, pois é isso mesmo, seu treinamento tem que ser encarado dessa forma. Como se a sua vida dependesse disso para sobreviver e quando falo em seriedade não estou falando em shiai kumite. Aqui não pretendo falar do karate esportivo, mas sim do Karate arte marcial, cuja finalidade é preparar o indivíduo para as situações de defesa pessoal, pois esse é o objetivo principal do Karate-Do. É totalmente contraproducente quando iniciamos alunos prematuramente no jiyu kumite. E o que é pior ainda iniciar o aluno em competições sem o mínimo de conhecimento técnico. Porque na verdade o principiante não está pronto para estar frente a frente com o oponente. Em minha experiência ministrando Karate sempre procuro investir em meus alunos no estudo dos fundamentos e kata, de maneira que possam estar prontos para o jiyu kumite. Se você está praticando jiyu kumite precisa usar de todos os recursos como bloqueio, golpe, soco e chutes devidamente aperfeiçoados. Se você é atacado por um oponente, intercepte o ataque com um bloqueio adequado ao ataque. Em jiyu kumite não fique saltitando ou pulando diante de seu oponente se ajuste ao ataque de modo preciso. Aprenda a bloquear o ataque de seu adversário antes que ele finalize, de tal modo que você possa mesclar bloqueio e ataque em uma única ação. Surpreenda o seu oponente estude estratégia e tática, faça de cada momento oportuno a sua chance de executar toda a sua habilidade de maneira plena. Observe que cada kata sempre começa com shizen tai (postura natural) seguido da primeira técnica que sempre é o bloqueio. Quando estudamos Karate sempre nos ensinaram a usar o kamaekata ( postura de prontidão), pois é necessário para que você esteja pronto para se defender, porém isso se refere ao treinamento sistemático; sem o qual para o principiante é indispensável. Um dos vinte princípios do Karate ensinado por Gichin Funakoshi, décimo sétimo princípio, é que em Karate não existe kamaekata ( postura de prontidão). Porque é na postura shizen tai que você tomará a postura defensiva necessária para se defender ou lutar. O kamaekata é para os principiantes e com o tempo adota-se shizen tai (postura natural). O seu kamaekata está na sua mente calma e serena, nada esperando e a tudo reagindo, pois isso é zanshin (estado de alerta constante) o que todo praticante de Karate precisa desenvolver. Não tem sentido algum você está frente a frente com o oponente e ficar cercando em volta do mesmo sem ao menos saber desenvolver a sua defesa. Advirto que você estude, pesquise e pratique tudo que se refira às técnicas básicas no kihon e aplicando às mesmas os fundamentos, os quais como por exemplo tai sabaki ( esquivar-se do oponente sem que ele toque você e ao mesmo tempo você o golpeie), yori ashi (deslocamento dos pés ao mesmo tempo) e fumidashi (deslizamento dos pés). Esses e tantos outros fundamentos são encontrados no kata. Portanto somente os efeitos cumulativos da prática constante nas técnicas básicas e no kata mostrarão seu desempenho quando você tiver pronto. Aqui deixarei um vídeo da primeira parte do filme "retroceder nunca, render-se jamais", no qual você verá uma verdadeira demonstração de jiyu kumite com técnica apurada brilhando em toda sua perícia. Observe que esse filme começa com todos treinando técnicas básicas e em seguida kihon ipon kumite. Procure captar a essência do Karate entre os dois karatekas durante o jiyu kumite. Veja o uso de bloqueios, golpes, socos e chutes. É nesse sentindo que o nível do jiyu kumite deve ser alcançado. O kata é a essência do Karate-Do e por sua vez é a chave para um bom jiyu kumite altamente desenvolvido pelo estudo e aplicação das técnicas básicas.
Por Rogério Santos sensei 4º dan em Karate shotokan
A fonte deste artigo está em "O Melhor do Karate vol. 3 e 4, Masatoshi Nakayama.




quarta-feira, 8 de abril de 2009

Mestre Oswaldo Duncan


O presente artigo que agora escrevo é uma homenagem ao mestre Oswaldo Duncan de Aguirre, não poderia deixar passar essa oportunidade, afinal de contas foi meu sensei na década de 80. Oswaldo Duncan Sensei lecionava naquela época na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sendo responsável pela Cadeira de Karate do Instituto de Educação Física e Desportos, cuja Universidade se localiza na Rua São Francisco Xavier, 524 no Bairro Maracanã. Além da universidade também ministrava Karate na Associação Scholem Aleichem Cultura e Recreação (A.S.A), na Rua São Clemente, 155 no Bairro de Botafogo. Oswaldo Duncan Sensei foi um homem de temperamento dócil e energia serena, cujas características combinavam com a sua vocação pedagógica; pois me lembrava Gichin Funakoshi. Como sabemos Gichin Funakoshi também era professor e lecionava em escola na ilha de Okinawa. Gichin Funakoshi Sensei aliava sua técnica com sua formação pedagógica, motivo pelo qual seu Karate foi largamente aceito no Japão. O que sinto hoje será uma eterna gratidão ao Oswaldo Duncan Sensei, o qual através do Karate me conduziu por um caminho nobre e honrado. Porque através dos seus ensinamentos me guiou ao aperfeiçoamento do caráter e me ensinou também a importância de trabalhar o meu temperamento. Como ele costumava nos ensinar que nós deveríamos educar o nosso instinto agressivo, o qual está presente em todos nós quando nascemos, seja em grau maior ou menor variando de indivíduo para indivíduo. Porque devido à nossa natureza humana costumamos ter reações imprevisíveis que poderão se desencadear de acordo com as circunstância do dia-a-dia. Por tudo nesse mundo os homens entram em conflito e consequentemente acabam em confronto. E como ele sempre dizia:" a única coisa que estabelece uma dosagem na agressividade é a autoconfiança, o que falta na maioria dos homens". Com certeza isso é a mais pura verdade quando o homem permite ser escravo de seus instintos, de modo que às vezes acaba se comportando como um animal. No entanto, nem a ferocidade dos animais é descontrolada - como é observado pelos especialistas - pois os animais somente são ferozes quando precisam lutar ou buscar alimento, ou ainda defender o seu território. Mas quanto a nós como espécie humana precisamos educar a nossa natureza como seres racionais e pensantes que somos. E através de Oswaldo Duncan Sensei acabei amando o Karate como um modo de vida, cuja arte me deu inspiração para que eu acreditasse em mim mesmo. Em Karate me tornei um cavalheiro gentil e dócio, com o compromisso de ser para a sociedade uma pessoa melhor. Como Oswaldo Duncan Sensei dizia e como sempre gosto de dizer a todos quantos amo. "Vivenciar cada dia na certeza de que o mundo estará ao nosso lado enquanto nós pudermos oferecer o que há de melhor em nós como pessoa". O que sinto falta nos dias de hoje são mestres como Oswaldo Duncan Sensei e tantos outros que não se encontram mais entre nós. Infelizmente têm sido raro encontrar mestres como esses em nossos dias. Naquele tempo vi o Karate ser levado mais a sério por todos que treinavam, pois todos tinham bons mestres. Não quero dizer que hoje em dia não haja mais bons mestres, porque ainda existem os remanescentes os quais foram frutos desses bons mestres, é claro. Mas nos dias de hoje a muita promoção e eventos com o único propósito de estragar o Karate. São na verdade os descompromissados com a nobreza de ideais e valores, que deveriam ter a finalidade de formar o caráter de todo ser humano. Aqui eu deixo a minha homenagem ao mestre que me ensinou a amar e respeitar à vida e ao próximo. Oswaldo Duncan Sensei é para mim fonte de inspiração para prosseguir o caminho das mãos vazias guardando e observando o espírito do Karate. Também gostaria de agradecer a Ana Cristina de Aguirre, filha de Oswaldo Duncan Sensei , por ter cedido gentilmente uma fotografia de meu sensei para que eu pudesse escrever esse artigo. Como disse *Muniz Sodré, uma certa vez, Oswaldo Duncan é, além de tudo isso, um excelente amigo - desses que *cavalgam ventos e tempestades.

Por Rogério Santos Sensei 4º dan em Karate Shotokan

*Muniz Sodré, professor-adjunto da Universidade Federal Fluminense e professor assistente da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

*A expressão cavalgar ventos e tempestades - a qual se refere Muniz Sodré a Oswaldo Duncan - é uma aluzão à expressão que circulava na China tradicional. Porque assim eram conhecidos os bravos praticantes de artes marciais no passado.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Bonsai













Quando pensamos em bonsai, sempre vem à nossa mente o Japão. No entanto, a sua origem é chinesa, pois o seu cultivo começou com os chineses. Afirma-se que 200 anos depois de Cristo os chineses cultivavam plantas envasadas, as quais eram conhecidas como penjing, como prática habitual em sua atividade de jardinagem. Um bonsai deve possuir qualidades idênticas a uma árvore de tamanho normal. O bonsai precisa ser uma réplica artística perfeita de uma árvore natural em miniatura. Deve exibir as mesmas características de uma árvore normal, como no seu crescimento e os efeitos da gravidade no seus galhos, marcas do tempo e a estrutura geral dos galhos. O bonsai é uma arte produzida pelo homem através de cuidados especiais. Aqui no ocidente o interesse em cultivar bonsai como hobby tem crescido bastante e hoje essas árvores tem conquistado o seu espaço em vários paízes. O interesse pelo bonsai é partilhado com a crescente atenção dada às artes orientais nos últimos anos. Não é um hobby puramente exótico, no qual o cultivo de árvores em miniaturas seja apenas apreciado, mas o gosto pela arte que é por si só muito mais complexa do que a jardinagem comum aplicada a plantas em vasos. Porque a diferença básica é o cuidado para reproduzir as características de uma árvore com porte muito maior em uma árvore de tamanho diminuto. O crescimento das árvores é controlado pela aplicação de várias técnicas, como a restrição do crescimento das raízes pelo vaso utilizado. As árvores naturais não possuem restrição na natureza, pois elas crescem livremente. A poda das raízes, dependendo da idade e especie da árvore, em geral são podadas no inverno, pois a planta está em estado de dormência e é realizada a troca de terra (substrato).A arte do bonsai é muito mais do que podar e adubar, é necessário muita paciência e criatividade artística. No que se refere à criatividade artística você deve tirá-la do seu coração. Mas antes de extrair do seu coração toda inspiração, é necessário aprender os fundamentos da arte de produzir o bonsai com um bom expert no assunto. Somente assim depois de se conhecer os segredos da arte é que você estará pronto para usar de toda sua inspiração. Assim acontece com muitos dos caminhos japoneses que possuem o caractere "Do", o qual tem o sentindo de caminho para o aperfeiçoamento do caráter e crescimento no aspecto bio, psico, social e espiritual. No caminho (Do) você deve aceitar a forma proposta pelo mestre da arte em questão, ou seja, seguir o modelo de caminho indicado pelo mestre. Como exemplo, temos o Karate-Do com sua forma sistemática de treinamento orientada pelo mestre. No Karate-Do, o discípulo depois de aprender por um longo tempo desenvolverá a sua forma de luta pessoal, se tornando o homem Karate (o homem de mãos vazias), pois ser o homem Karate tem um significado muito mais profundo. Então quando você adquirir experiência terá se aproximado da verdade sobre si mesmo através do treino do Karate-Do. Possívelmente você poderá transcender sobre o mundo material,ou seja, não será demasiado apegado às coisas materiais e terá uma reflexão da essência do Karate-Do . Seja cultivando bonsai ou praticando Karate-Do é no seu coração que está o seu talento artístico - se expressando como artista marcial - você produz a sua forma, o seu estilo e arte. Karate -Do e bonsai tem muito em comum, pois seguem o mesmo caminho.

Por Rogério Santos Sensei


terça-feira, 31 de março de 2009

Mestre Yoshihide Shinzato

Mestre Yoshihide Shinzato, 10º dan(graduação mais elevada dentro da modalidade), Nasceu a 15 de março em 1927 em Okinawa, ilhas Ryu Kyu do arquipélago japonês. Foi discípulo do mestre Anbun Tokuda, e com a morte deste, durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se aluno do mestre Choshin Chibana. Após o falecimento do primeiro mestre, continuou treinando, dessa vez com o mestre Miyahira. Treinou Kobu-Do com Shikan Akamine, Masahiro Nakamoto e Katsuyoshi Kanei, recebendo a categoria de Hanshi pelo mestre Katsuyoshi Kanei, em novembro de 1993. Também possui algum treinamento em Judo, com sensei Itokazu, realizado quando estava no colegial. Treinou ainda, já no Brasil, o estilo Goju-Ryu, com o mestre Shikan Akamine. A história desse imigrante pode ser confundida, em alguns aspectos, com a de muitos japoneses que vieram para o Brasil na década de 1950. Mestre Shinzato, porém, não veio para o Brasil com o propósito de melhorar a condição da vida familiar, pois sua vida no Japão era estável; já era casado, tinha dois filhos e foi funcionário público na província de Okinawa. A sua real intenção foi disseminar o Karate no país. Antes de partir para o Brasil, mestre Shinzato havia participado da Segunda Guerra Mundial, como rádio comunicador do Exército Japonês, em Tóquio. Devido a sua baixa estatura, o sensei não obteve autorização para combater no front, nem tampouco pilotar aviões, que era o seu grande sonho. Por já possuir parentes residindo em Praia Grande - SP, ao chegar ao Brasil, a 15 de novembro de 1954, Shinzato seguiu para esta cidade da Baixada Santista, e começou a trabalhar na lavoura de seus tios, no bairro Tude Bastos, além de trabalhar com o transporte de verduras e adubos. Paralelamente ministrava aula de Karate em sua casa, para jovens da colônia japonesa. A 25 de Janeiro de 1954, com seu irmão Yuzo, apresentou uma demonstração no Parque Ibirapuera, juntamente com os grupos de folclore de Okinawa, em comemoração do aniversário da cidade de São Paulo. A 3 de junho de 1962, fundou a acadêmia Santista de Karate-Do na Rua Brás Cubas, em Santos - SP, e em 1970 mudou o nome para Associação Okinawa Shorin-Ryu Karate-Do do Brasil. Em 1976 criou a União Shorin-Ryu Karate-Do do Brasil, e em 1992 fundou a international Union Shorin-Ryu Karate-Do Federation. Seu método de aula baseia-se na filosofia do Budo, desenvolvimento esportivo e do convívio social, tendo como objetivo criar indivíduos úteis tanto para a sociedade quanto para a família, com o intuito de formar um karateka com o corpo forte e mente equilibrada. Sensei Shinzato possuía 200 escolas filiadas no Brasil e exterior. Aqui deixo a minha homenagem à memoria do honorável mestre Yoshihide Shinzato, cuja história de vida nos mostra o exemplo de um homem que amava o Karate-Do.

Esse artigo é uma homenagem à memoria do mestre Yoshihide Shinzato.



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Uma palavra sobre kata e sua padronização

Os kata básicos Heian e Tekki, como também os demais kata superiores na escola Shotokan são todos essencialmente importantes. Gostaria de lembrar que em 1948, discípulos das universidades de Keio, Waseda e Takushoku haviam se reunido com o mestre Gichin Funakoshi na universidade de Waseda. O objetivo dessa reunião era trazer esclarecimentos e definir alguns procedimentos que levassem à unificação dos kata shotokan. Porque estes kata haviam recebido várias interpretações individuais e subjetivas depois da guerra. A apresentação desses kata na série o melhor do Karate de Masatoshi Nakayama, adota esses critérios de padronização definidos nessa ocasião. Pratico Karate-Do desde a década de 80, quando tinha apenas 15 anos e até o dia de hoje prefiro praticar kata de acordo com a padronização daquela época. Infelizmente nos dias de hoje muito aconteceu com a prática do kata na escola Shotokan. Hoje os tempos são outros, por incrível que pareça as explicações para tal mudança dita por alguns, está na beleza. Porque dizem que nas competições ficam melhor apresentáveis e mais bonitos. No entanto, descordo de tudo isso e para começo de história o kata não deveria estar incluído em competições. Porque o kata é a essência do Karate e como arte marcial o karate é uma arte nobre de elevação moral, cujo objetivo é levar ao aperfeiçoamento do caráter. Enquanto eu puder praticar Karate, o mesmo terá para mim significado especial, pois o Karate é o meu modo de vida. E quando digo isso não falo de dinheiro, mas falo de algo superior que edifique e construa valores em mim como pessoa;como também em todos que aprenderem comigo.

Por Rogério Santos Sensei



Wankan

O Wankan é um kata originário da região de Tomari, ilha de Okinawa. O significado do seu nome é coroa do rei ou coroa imperial. Antigamente era chamado de Matsukaze e Wankwan e também há outras fontes que informam que esse kata era denominado de Shiofu e Hito. É o kata mais curto do Karate Shotokan e somente com um kiai. No início não fazia parte do grupo de kata introduzidos por Gichin Funakoshi Sensei no Japão. Geralmente aceita-se que o seu filho Yoshitaka Funakoshi tenha sido responsável pela inclusão, que por sua vez, desenvolveu o referido kata numa nova versão trabalhada e modernizada. No entanto, devido à sua dimensão afirma-se que é um kata inacabado, cujo desenvolvimento foi interrompido pelo falecimento de Yoshitaka Funakoshi. Essa tese tem sido aceita e ganha importância e significado. Porque as versões atualmente em outros estilos das escolas de Okinawa são mais longas. Um kata sem dúvida singular, contendo técnicas básicas e avançadas, e de muita simplicidade, pois é o menor kata na escola Shotokan.




Jiin

O Jiin é um kata originário da região de Tomari, ilha de Okinawa. Esse kata é praticado por várias escolas, como: Sanku Kai, Wado Ryu, Shotokan Ryu, etc. O significado do seu nome quer dizer amor e proteção. Um verdadeiro karateka deve ter amor pela vida, protegendo todos os seus semelhantes que assim precisarem. Um verdadeiro campeão da justiça e da verdade, pois essa é a maior glória que você pode ter. Defender o fraco e oprimido quando necessitar de ajuda, servindo a sociedade com o seu melhor como ser humano. Nisto está o espírito do Karate-Do. Esse kata, segundo a minha experiência, nos revela exatamente a essência do Karate-Do; o Karate começa e termina com a cortesia. Somente quando compreendermos isso é que podemos amar e proteger o próximo, pois isso é divino e vem do Criador de todas as coisas. Este kata segue o mesmo príncipio de Jion, sendo um kata de bases pesadas e sempre visando uma melhor postura do praticante.




quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Meikyo

O meikyo é originário da região de Shuri, ilha de Okinawa. Esse kata é uma variante do Rohai Kata e é praticado por várias escolas, como: Shito Ryu, Shotokan Ryu, Wado Ryu e etc. O significado do seu nome quer dizer: espelho claro ou alma limpa. As técnicas básicas aprendidas na série de kata Heian voltam a ser aplicadas aqui para compor a maior parte deste kata suave e sereno. A característica predominante do Meikyo é o sankaku tobi no final do kata. Corretamente executada, essa difícil técnica capacita o karateka a transformar uma desvantagem em vantagem num único movimento rápido. Desnecessário dizer, ela exige o mais elevado nível de habilidade, e dominá-la pode ser um desafio mesmo para o praticante mais experiente e graduado.






Gojushiho Sho

O Gojushiho Sho é uma transformação de Gojushiho Dai e, como o Dai, o Sho é um kata também longo. A arma do Gojushiho Sho é a mão em espada, utilizada em bloqueios e estocadas para repelir ataques. Só é possível captar a essência característica desse kata quando ele é executado por um karateka experiente cuja técnica tenha alcançado maturidade.





Gojushiho Dai

O Gojushiho é um kata oriundo da região de Shuri, ilha de Okinawa. Esse kata deu origem a mais dois kata, Gojushiho Dai e Gojushiho Sho. O seu nome significa cinquenta e quatro passos e o seu antigo nome era Hotaku que significa pássaro carpinteiro. Na China esse kata era chamado de Hakutsuru (54 passos da pantera negra). Com secenta e dois movimentos, Gojushiho Dai é um dos kata mais longos. Um pouco mais longo do que no tempo em que era chamado apenas de Gojushiho (cinquenta e quatro passos). Entre as suas características distintivas estão várias técnicas suaves e fluentes, posturas como a do gato (neko ashi dachi) e de uma só perna, que exigem excelente equilíbrio, e seus movimentos giratórios. Há diversos bloqueios com o punho "cabeça de galo"e ataques com soco descendente. É necessário um alto nível de habilidade técnica para executar com eficácia este avançado kata. É possível que você já tenha visto esse kata sendo executado pelo Shihan Hirokazu Kanazawa. Com a denominação de Gojushiho Sho e não como Gojushiho Dai. Embora eu tenha respeito pelo Shihan Hirokazu Kanazawa, não concordo com a troca do nome de um pelo outro. Prefiro seguir a orientação do Mestre Gichin Funakoshi e seu aluno que continuou o seu trabalho de divulgar o Karate, mestre Masatoshi Nakayama. A explicação para essa troca não está na quantidade de seus passos, em que o Dai possui secenta e dois passos e o Sho secenta e cinco passos; mas na essência de cada um desses kata. O sentido de cada um deles só pode ser entendido quando se busca estudá-lo a fundo. Porém algumas associações de Karate adotaram o que o Shihan Hirokazu Kanazawa ensinou.




Nijushiho

O Nijushiho é originário da região de Tomari, ilha de Okinawa. Esse kata é uma variação do Niseishi Kata. O nome que identifica este kata - "vinte e quatro passos"- derivou originariamente do número de movimentos dos pés. A execussão desse kata só é correta quando os movimentos são suaves e fluem ininterruptamente de um para outro. Se a integração total das várias forças e da velocidade não for dominada completamente, a execussão se parecerá a uma dança. O bloqueio com o dorso da mão (haishu uke) aplicado neste kata segue um curso específico e usa certas partes do corpo de um modo que o diferência nitidamente de outros bloqueios com os quais não se deve confundí-lo, ou seja, o bloqueio em gancho com a mão em espada (kake shuto uke), bloqueio vertical com a mão em espada ( tate shuto uke), bloqueio com a mão em espada (shuto uke) e o bloqueio agarrando (tsukami uke) e assim por diante.






Sochin

Sochin é originário da região de Naha, ilha de Okinawa, o qual é praticado por várias escolas. No Sochin encontramos a grandeza, a força e o poder estável. A postura imóvel, de grande estabilidade (fudo dachi), é tão usada, que é geralmente conhecida como a postura do Sochin. No que se refere à defesa, a postura imóvel oferece uma base sólida para resistir a ataques desferidos pela frente, por trás ou pelos lados. As características do kata despontam melhor quando ele é executado lentamente, revelando assim uma certa reverência e poder. O ritmo relativamente lento significa que os músculos com frequência passam muito gradativamente de um estado de relaxamento total à tensão total. Alguns movimentos, porém, exigem produção instantânea de força múscular. Um dos benefícios do kata é que ele desenvolve um senso aguçado do momento oportuno, o que possibilita ataques repetidos sem dar tempo ao oponente para um contra-ataque. Essas extraordinárias técnicas podem favorecer muito as habilidades de Karate, ajudando a desenvolver a tranquilidade mental necessária para as artes marciais e para a própria vida.




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Unsu

Unsu é um kata similar ao Unshu, o qual é originário da região de Tomari, ilha de Okinawa. Esse kata é também chamado de Unte por algumas escolas tradicionais de Okinawa. O mesmo também é executado pela escola Wado-ryu, estilo representado por José Grácio sensei em três corações-MG. Embora nem sempre se consiga ver, as nuvens passam por transformações incessantes. O mesmo ocorre com este kata que toma o seu nome -"Mãos de Nuvens" - desse fenômeno. Em reação aos movimentos do adversário, este kata contém saltos altos e baixos, deslizamentos, esquivas e provocações; ele também requer o uso de todas as partes do corpo como armas e, de modo especial, desenvolve leveza e rapidez, sentido do momento apropriado, ritmo e habilidades estratégicas. Uma das características singulares desse kata é a combinação que vai do bloqueio com o punho"cabeça de galo"(keito uke) ao contra-ataque com a mão em lança de um só dedo (ippon nukite). Outra é o uso hábil de chutes desferidos em várias direções. Mas para não parecer um espantalho tentando dançar, o karateka precisa primeiro dominar os kata básicos, especialmente a série Heian e os kata Kanku, Enpi e Jion.






domingo, 22 de fevereiro de 2009

Chinte

Acredita-se que o nome Chinte, escrito com caracteres chineses que significam "extraordinário" e " mãos", deriva das técnicas singulares do kata. O kata como um todo tem uma sequência de movimentos que começa com tranquilidade, torna-se vigorosa e termina na calma. Há muito a aprender com esse kata. Um ponto é o domínio da técnica de socar usando a força gerada pela pressão do pé de trás contra o chão. Depois de bloquear na postura imóvel, o joelho do pé de trás é levado à frente para assumir a postura avançada ( zenkutsu dachi ). Outro ponto é o tate ken, raramente visto nas técnicas básicas do Karate, embora seja comum nas artes marciais chinesas. Há também técnicas para atacar os olhos com a mão em ponta de lança de dois dedos (nihon nukite zuki). Essa é uma técnica de autodefesa eficaz para as mulheres que tem pouca força muscular. O último movimento exige a sensação de força na calma, de ondas se afastando calmamente depois de se arremessarem contra a praia.







sábado, 21 de fevereiro de 2009

Kanku Sho

O kanku Sho é originário da região de shuri, ilha de Okinawa, tal como o Kanku Dai. Antes de praticar o Kanku Sho, você deve dominar totalmente os fundamentos de Heian Yondan e ter assimilado perfeitamente todas as técnicas do Kanku Dai. A configuração das técnicas ofensivas e defensivas nos dois kata é praticamente a mesma, como também o são a velocidade e o vigor da rotação e as várias técnicas. A diferença está nos contra-ataques que usam o golpe com a mão em espada ou o chute para a frente depois de um bloqueio. No Kanku Dai, esses movimentos são desferidos principalmente no nível superior; no kanku Sho, principalmente no nível médio. Ao executar este kata, lembre-se de expressar três fatores: uso correto da força, velocidade das técnicas e a distensão e contração dos músculos. O karateka só dominará o Kanku Sho se compreender perfeitamente que o pulo e o giro baixo não são uma ação única.




Bassai Sho


O Bassai Sho tal como o Bassai Dai são oriundos da região de Shuri, ilha de Okinawa. O Bassai Sho deve ser praticado depois que você adquiriu domínio pleno do Bassai Dai. Os dois kata formam uma série; a diferença está em que o Bassai Dai mostra força e solenidade externas, ao passo que o Bassai Sho, na calma de suas técnicas, contém força interior. As características básicas do Bassai Sho são os movimentos em arco das mãos e dos pés e o uso da mão em espada, do dorso da mão e da boca de tigre. As técnicas aprendidas neste kata são defesas contra ataques com bastões. Com frequência, usa-se a palma com esse objetivo e a força é importante para cada bloqueio, especialmente contra bastões pesados. Os pulsos, os cotovelos e os joelhos devem ser flexíveis, mas as posições devem ser firmes. De importância especial são a correta aplicação da força e a velocidade apropriada ao executar as técnicas. Este kata é um bom meio para aprender a bloquear com força e contra-atacar com vigor depois de tensionar os músculos lentamente, de acordo com a respiração.




quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Equilíbrio emocional



Sabe-se que em Karate-Do, o equilíbrio do corpo é fundamental para manter a estabilidade dos movimentos em cada postura. No entanto, não devemos deixar de lado um outro equilíbrio , as nossas emoções. Compreenda que o equilíbrio do corpo e das emoções são uma só unidade. Porque o estado emocional em que você se encontra reflete exatamente em sua atitude. Outrora se dizia que a espada do samurai era a sua alma. Porque o manejo da mesma, expresso por movimentos precisos de destreza e habilidade técnicas, refletia a força e a serenidade de seu equilíbrio emocional. Afirmava-se que a sua espada personificava o seu espírito. Porque tanto o seu emocional quanto a lâmina de sua espada possuíam a mesma têmpera do aço - processo pelo qual a espada é forjada - para construir em sua auto-estima ânimo inabalável. Tal atitude dava ao samurai domínio próprio, qualidade indispensável também ao karateka. Como diz um provérbio chinês, " aquele que sobrepuja os outros é forte, porém, quem sobrepuja a si mesmo é poderoso". Segundo mestre Reishin Kawai, pessoas que facilmente se insurgem contra ofensivas são aquelas que ainda não conseguiram atingir o equilíbrio emocional e espiritual. Este equilíbrio é observável entre os praticantes de arte marcial ao manejarem uma espada. O manejo sereno e confiante é conseguido por aqueles que também são serenos e equilibrados internamente. Ao passo que o empunhar nervoso e incostante denota as pessoas desprovidas exatamente daquele equilíbrio. O estudo de nossas emoções aqui se faz necessário em dois aspéctos: no combate e no cotidiano. Explico-me: quando em combate, o praticante precisa manter a mente serena, nada esperando e a tudo reagindo. E isso se adquiri através de um estado de alerta constante (zanshin). E no cotidiano sabe-se que paus e pedras podem nos machucar, porém, as palavras ainda que ásperas não podem nos ferir. Como regra geral, sabe-se que pessoas quando ofendidas por insultos, sempre tendem a responder as ofensas que lhe são atribuídas. O segredo para desfazer o conflito está em não dar ouvidos àquilo que nos dizem , ainda que seja humilhante. A menos que haja um fundo de verdade quando violamos a ética em relação ao próximo. Como Oswaldo Duncan sensei ensinava," em karate não venha culpar os outros ou odiá-los, tenha somente medo de sua falta de sinceridade". Porque fora isso não devemos acreditar no que disserem a nosso respeito. Assim dizia o professor Júlio Schuwantes, em seu livro colunas do caráter, que a característica de um grande coração é a capacidade de aceitar críticas adversas sem exasperar-se. É bem mais fácil melindrar-se com supostas ofensas do que reconhecer razão num adversário. Um orgulho sutil costuma cegar-nos quanto aos próprios erros e exagerá-los nos outros. Como karateka é necessário ter sempre em mente que tais pessoas realmente são medíocres, porém não precisamos dizer isto a elas. Porque o espremer do leite produz manteiga, e o espremer do nariz produz sangue, assim o espremer da ira produz contendas. Para o karateka é imprescindível manter a calma diante da tempestade, porque o domínio sobre si mesmo, em forma física e psicológica o ajudará a tomar a decisão certa. Assim evitaremos a coragem impetuosa, a qual deve ser evitada para não cometermos o erro de sempre lutar quando somos apenas ameaçados. A coragem impetuosa também deve ser assimilada principalmente quando queremos expor uma filosofia aos que não a conhecem ou não querem compreendê-la. Porque àqueles que sabem nada precisa ser dito e àqueles que não sabem raramente estão dispostos a ouvir. Portanto, o equilíbrio emocional do estudante de Karate - quando amadurecido - deve ser consistente como o aço da espada. E segundo o shihan Mitsugi Saotome, a espada, um dos três símbolos espirituais da nação japonesa, espelha em seu metal a sabedoria e a honestidade. Nobre, aguçada e resistente, embora flexível e pura: tais as qualidades a que o guerreiro aspirava.

Por Rogério Santos Sensei